domingo, outubro 10, 2004

Escolha

Em um de seus vários posts excelentes, a Srta. K. tratou (pelo menos eu entendi assim) com maestria de um assunto que tem ocupado meus pensamentos esses dias.

Eu sempre fui muito cioso da racionalidade das minha atitudes. Me martirizava quando percebia qualquer incoerência, quando na verdade meu problema eram as premissas. Aí, quando minha vida passou a me surpreender fortemente, a me provar todo o tempo que eu estava errado em quase tudo o que eu achava de mim, eu fiquei sem uma base a partir da qual construir meus conceitos/ações/paranóias. Tenho agora duas alternativas: recriar toda uma base de idéias a partir da qual desenvolver minha vida baseada em ações racionais ou aceitar o mistério. Claro, exclua-se disso minha vida profissional que no momento concentra toda minha disciplina e racionalidade. Bem, acabei mais por preguiça que por vontade tendendo a aceitar o mistério. Minha vida pessoal anda bem oscilante, com mudanças bruscas de atitude e opinião.

Menor problema não é? Se der merda, o problema é meu certo? Pois é, aí chega o ponto no qual o post da Karina foi bastante inspirador. Eu sempre tive dificuldades para fazer outras pessoas sofrerem, principalmente porque eu nunca me achei em posição de deixar quem quer que fosse sofrendo por uma atitude minha. Esse é um conceito que mudou. Ao mesmo tempo em que eu percebo que eu posso ser a causa da felicidade ainda que momentânea de diversas pessoas, eu percebo que também (e talvez por isso mesmo) eu também possa deixar as pessoas mal. Óbvio? É, com certeza, mas eu achava que comigo as coisas eram diferentes.

O fato é que eu temo que a minha inconstância atual possa arrastar os outros tb. Pra cima ou pra baixo. Mesmo que eu não queira isso. Mas não é o caso de machucar sem querer. Quer dizer, na verdade é sem querer, mas não sem perceber o que se está fazendo. E isso me deixa mal. A Karina chegou na fase de perceber que todo mundo machuca, "mas alguns socam mais forte". Eu acabei de perceber que, apesar de não socar mais forte, eu me incluo no todo mundo que machuca.

A dúvida é: só porque é normal não tem problema? será que ainda assim eu não deveria continuar a gastar boa parte da minha energia cuidando de não fazer mal a quem me cerca? Responder é difícil. Mas eu sei que eu não posso mais definir minha escala de preferências de acordo com a minha capacidade de fazer as pessoas que eu gosto felizes. Pq nada é mt exato, ainda mais agora que eu ando meio sem rumo, sem a dureza das minhas razões eternas nem tão eternas assim.

Todo mundo machuca. Eu também. Foda sentir que isso é verdade. Pior ainda é perceber que muitas vezes, ao evitar machucar os outros, vc machuca a si mesmo. Então não adianta se esforçar pra evitar, pq na melhor das hipóteses quem sofre é vc mesmo. Eu decidi de uma vez que eu vou parar com isso de sofrer pelos outros. E de sofrer pela dor que eu causo. Pq se eu me recupero, todo mundo se recupera não?

Ah, não se esquecam de não levar muito sério o que eu escrevo aqui. Pode ser qua na hora em que vc estiver lendo, eu já tenha mudado de idéia.

P.s: Para as pessoas que se importam, apesar do to meio q deprê do post eu continuo muito feliz. É que é meio nada a ver eu falar coisas como "hj, no trabalho, foi tudo de bom" ou "tive uma papo ótimo com o Bilo lá em casa".

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