Lista de Oferta
O dia amanheceu com uma boa notícia: a lista de oferta do mestrado já foi publicada.
Estou me sentindo qual uma criança que está indo para o primeiro dia de aula. Tenho ímpetos de sair para comprar um estojo novo, com vários lápis de colorir, giz de cera, tesoura sem ponta, régua comprida, papel celofane... Já estou me vendo usando um uniforme novo, bem engomado, camisa de abotoar e brasão da escola no bolso da camisa, do lado esquerdo, cores vermelho e azul, cabelo penteado com uma lambida de boi para o lado direito, óculos a postos, tênis preto de amarrar - nunca um quichute, nunca tive um.
Poucas são as coisas na minha vida com que tenho me divertido tanto quanto com esse mestrado. É verdade que muitas vezes não me comovo. Um exemplo foi minha formatura, não tive nenhum momento em que meu coração chegou a acelerar. Não que tenha sido ruim, minha família - pais, irmãs, tios primos, avós tiveram muita dificuldade, muita mesmo, inclusive financeiras, para vir para a festa - se divertiu horrores, todo mundo muito emocionado. O que quero dizer é que o que me deixou realmente feliz foi o fato de ter todos aqui, de estarem felizes, mas não do fato de eu estar me formando.
O mesmo com o vestibular. Esse foi só ruim. A única sensação que tive foi de alívio. O resultado era tão somente o fim de uma ansiedade muito forte que durou dois meses. Todos ficaram muito felizes, afinal eu era o primeiro da família, como mais velho, a entrar em uma Universidade - com letra maiúscula mesmo, mas eu não.
Mas com o mestrado tem sido diferente. Cada uma das etapas tem sido um prazer em si. Estudar para a prova foi bom, releitura de bons textos, horas fazendo o projeto - os que me conhecem sabem que gosto muitíssimo de ficar fazendo projetos de pesquisa, especialmente da parte de metodologia. Depois fazer as provas, sentir a agressividade que senti lá no COLUNI, lá atrás, sentir-me desafiado, lutar contra o obstáculo que se interpõe. Foi excelente. Depois, poucos dias para publicação dos resultados, nada parecido com a via crucis do PAS. Finalmente, resultado positivo, 3o. lugar. Agora, as matérias que vou fazer.
Acho que tudo isso se explica pelo fato de que se trata de mais uma mudança qualitativa. O COLUNI foi a primeira. Do momento em que soube que tinha passado em diante eu sabia que terminar o segundo grau, entrar e sair da universidade seriam passos naturais, não exigiriam nenhum tipo de dedicação sobrenatural. Da mesma forma, a entrada no mestrado é uma mudança qualitativa e não somente uma melhora incremental, porque se trata de um processo de seleção completamente diferente do que havia até hoje enfrentado.
Desde, pelo menos, minha quinta série tenho sonhado com o momento em que entraria na pós graduação. Estaria fazendo o mestrado, engajado em pesquisas, publicando textos. E agora tudo isso aconteceu. Estou no mestrado, já estou trabalhando com o que estudo, estou engajado em dois grupos de pesquisa, começo o primeiro projeto, tenho três artigos na agulha para publicação. Enfim, as coisas estão indo bem.