terça-feira, janeiro 11, 2005

me, myself and my clouds

Os homens, todos eles, buscam a felicidade. Até mesmo os que vão se enforcar.
Ontem, finalmente, eu me enforquei. Decifrei finalmente esse sentido da vida, tão torpe, tão simples, tão óbvio que arde o coração. Séculos depois de Pascal. Mas eu sou lento, bastante.
Invariavelmente sempre busquei a felicidade. Esse sempre foi meu mais luminoso brio. Eu sempre fui libriano, buscando essa felicidade. Sempre a fiz com o mais absoluto savoire-fair (moine demourra, é assim q se escreve?), com leveza e inteligência, com respeito extremo e absoluto ao meu corpo e à todas as pessoas ao alcance dos meus dedos. A fiz sempre com medo, com falta de coragem, com altivez, arrogância.
Adoro ser criativo, muito criativo. Mas quantas idéias minhas vocês conhecem? Não, não conhecem nenhuma. E quanto carinho e respeito vocês conhecem? Nenhum. Absolutamente frio, calmo, temperado. Sou cristalino na transparência e cristalino na fragilidade. Vulnerável, frágil, fractal. Demoro todo dia mais um dia para me desenhar em fractais. E se eu me quebrasse, todo? Como eu poderia me colar?
A felicidade, essa busca difícil, me desenhou a forca. E ontem, não só por ontem, eu me enforquei. Perdi, definitivamente, o amor do único amor que já tive. Da angelina que sempre me desenhou feliz, que me soprou todos meus sonhos, que me levantou do marasmo, que me riu, que me ensinou a fazer brownies, a comer devagar na frente dos outros, que existe um olhar muito mais forte que o meu: o dela. Mais uma vez eu busquei a felicidade, a minha, a dela, e fui injusto e errado em não ter coragem, em aceitar o vinho que sou fraco, a desrespeitei, me desrespeitei. A proteção que quis dar foi minha forca. Fui covarde, omisso. Mas eu continuo amando. Muito.

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