segunda-feira, janeiro 10, 2005

I don't care if it hurts...

When wings
Beat the night sky above the ground
Will I unwillingly shoot the down
With all my petty fears and doubts?
Sixpence None the Richer – We Have Forgotten



Por muito tempo eu acreditei que eu não tinha nenhuma qualidade excepcional, que eu era a materialização da palavra "média". Eu não me achava ruim ou bom, sempre mais ou menos. Depois eu passei pra fase de achar que eu até tinha qualidades, mas que elas eram menos importantes ou interessantes que as qualidades dos outros, que eu era bom em coisas bobas e ruim nas coisas que tinham alguma relevância. Depois, quando eu estava no terceiro ano do segundo grau, eu vi que eu tinha uma característica interessante: eu era um cara disciplinado. Eu era capaz de definir meu objetivo principal e orientar cada aspecto da minha vida na direção desse objetivo. Claro que antes eu acreditava que meus objetivos me levariam a um lugar completamente melhor do que aquele em que eu estava. Isso sempre foi assim. Mas 2004 foi um ano muito bom, e eu passei a gostar demais da minha vida. Aí chegamos ao ponto escroto que eu quero colocar. Em 2004 minha vida começou a parecer tão legal que eu passei a não ver nenhum estímulo para mudar.

Consegui ver que algumas pessoas realmente gostam de mim mesmo com os meus montões de defeitos e que eu tenho qualidades realmente interessantes. Ou seja, passei a ver que eu sou uma pessoa como qualquer outra. Consegui me achar até interessante em aspectos que sempre me pareceram um autocasoperdido. Mas enquanto isso acontecia, sem que eu percebesse, minha capacidade de ignorar sem problema algum os pequenos prazeres da vida em nome das coisas realmente importantes pra mim foi diminuindo. Mas as coisas continuavam dando certo.

Agora eu estou vendo váaaarias percepções erradas nisso aí.

Complicado dizer quais são essas percepções. O importante é que no momento eu volto a acreditar que a única coisa boa em mim (boa no sentido de melhor que na maioria das pessoas) é a minha disciplina. E em querer coisas que me afastam de um comportamento disciplinado eu estou querendo ser algo diferente do que eu sou (óooo q novidade). Eu ando querendo curtir meus momentos cotidianos, diferente daquilo que eu sempre fiz, que foi curtir o sucesso dos meus grandes planos. Isso não é um problema, de forma alguma. O problema é que eu quero curtir os prazeres do cotidiano E os resultados de longo prazo que exigem grande esforço. Não dá pra conciliar. Não na intensidade que eu quero e gosto. Eu sempre soube disso e hoje parece que eu esqueci, o q é uma regressão mental ridícula.

Ou seja, eu esqueci o básico, que é saber que eu tenho q ralar pra conseguir as coisas. Que por mais que seja legal viver de boa, tem coisas sérias por aí. E que eu não estou imerso nessas coisas sérias como eu deveria.

Na verdade o problema é que eu ainda preciso provar pra mim mesmo que as pessoas gostam de mim. Ainda estou deslumbrado em perceber que às vezes eu sou um cara realmente legal e que eu faço alguma diferença positiva na vida das pessoas que me cercam. Eu estou deslumbrado com o fato de que tem pessoas q me admiram pelo cotidiano e não só por qualquer achievement. Estou bobo porque eu consegui finalmente me sentir às vezes o cara fodão que eu sempre achei estar longe de ser.

Mas eu não sou o cara fodão. Continuo o mesmo freak de sempre, o mesmo social loser. O mesmo cara que a escola toda conhecia, mas q só era chamado pras festinhas da própria turma. O mesmo que se sentia ridículo em qualquer aglomeração de pessoas em roupas de festa.

Quero voltar a ser eu. Pelo menos por hora, enquanto meus planos antigos não esgotam completamente. Quero ser capaz de não me sentir mal porque o mundo gira fora da minha janela enquanto eu estudo. Quero voltar a saborear meu esforço, não só os resultados. Quero voltar a ser nerd. Quero voltar a ser quem eu sou.

Eu não sou uma estrela social. Eu tenho que parar de me comportar como se eu fosse. Eu sou um nerd. Meu habitat não é a balada, mas a biblioteca. Pelo menos eu preciso acreditar nisso enquanto eu preciso da biblioteca pra atingir meus objetivos.

Em suma, no more vida social enquanto eu não terminar a monografia. Hugo no casulo até março.

P.s.: Que post escroto e confuso! Mas eu estou confuso. E escroto. Então pode. O próximo vai melhor. Juro.

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