Retrospectiva 2004 - Parte 1/12
Os fogos eram tão belos quanto inéditos. Salvador tem todos os defeitos de uma cidade grande, com os agravantes das praias de capitais. Cheiro ruim, gente demais. E gente feia, devo dizer. Mas os primeiros segundos de 2004 me mostraram algo, logo de cara: seria um ano diferente. Meus pais não estavam por perto, nem meus irmãos, nem avós. Sensação tão estranha quanto inédita, também.
De Salvador, para Mangue Seco. Dois dias na cidade mais bela que já vi. 500 habitantes, talvez menos, quem se importa. O povo também era feio. Mas gente feia, quando ri, fica bonita demais. E viviam rindo.
Uma semana depois, São Paulo. Três dias na cidade mais cidade que já vi. Gente demais. Muita gente feia também. E gente bonita, que é feia também. Gente bonita que não ri, fica feia demais. Metrô, pizzas, comida japonesa, amigos... “Scream for me, São Paulo!”.
Goiânia, de volta. Gente bonita. Que ri quando quer, e sabe ser falsa quando quer também. Muitos pontos. Alguns finais, outros reticentes. E as interrogações, preguiçosas, se esconderam atrás de uma exclamação, de peito aberto, daquelas que doem a garganta. Liberdade!
Vontade psicótica de partir rumo a um lugar qualquer, buscando coisas que não conheço. Certeza histórica de que isso me fará bem. Um mês foi o bastante para perceber o que sempre tentei notar nos anos anteriores, à marra, e não consegui. Simplesmente porque não era hora.