Esta noite de 27 de fevereiro de 2005.
Cheguei ao tempo de amparar aqueles que precisavam. A tempo de conversar, de prometer a viagem, mas que lá não manteríamos residência, de prometer que meu primeiro filho será Aquiles. De falar que os olhos de Maquiavel são belíssimos e que a poesia não morre. De dizer que continuaríamos a caminhada onde quer que fosse. De faze-lo orgulhar-se do que hoje somos. No momento de merecer um sorriso e de lhe acompanhar nessa última caminhada.
Hoje as luzes não se apagarão aqui. O prédio está aceso. Hoje nos despedimos de alguém que aqui esteve desde os primeiros tempos em que aqui decidimos ficar o pé. Hoje ele muda de endereço para perto de outros dos nossos. Espero que seja bem recebido e que não sinta as mesmas saudades que os daqui sofrerão.
Aqui resto eu, certo de que não faltarão oportunidades para os que aqui ficam de nos reencontramos. Mas tão certo quanto estou que este interstício, por curto que seja, será muito maior do que nossas pobres almas podem, devem agüentar. Aqui restamos nós, que não sabemos como lidar com as chagas. Espero que nunca aprendamos.