sexta-feira, abril 13, 2007

Noite de quinta + pé quebrado + falta de grana = texto ruim no blog

As mulheres sempre sempre adoram deixar bem claro que a vida delas é inerentemente mais difícil que a dos homens. Menstruação, depilação, parto e milhares de anos de machismo e misoginia, além daqueles argumentos individualizados desenterrados nas horas mais impróprias das conversas mais desagradáveis ou agradáveis. Claro que eu não vou me queimar tentando discordar de nenhum desses argumentos. Não tem mesmo como negar que ser mulher não é nada fácil.

O problema é que por associação assume-se que ser homem é tranqüilo, nas palavras de uma amiga “se ser homem fosse difícil os homens não seriam homens”. O problema é que se as mulheres mudaram o mundo todo e principalmente o delas (inegável que existe um mundo feminino à parte não?), os homens foram certamente mudados junto. Muito por causa delas, sim.

Entre todas as mudanças que circulam por aí, a que mais me chama atenção é um crescimento gigante da insegurança dos homens. OK, normal, não que os homens nunca tenham tido suas inseguranças. Individualmente, lidar com elas não é nada de outro mundo. O problema mesmo é que os homens são culturalmente proibidos de ser inseguros. Se as mulheres reclamam sempre de que elas têm de ser bonitas, bem sucedidas, boas de cama e todos os etc. juntos, os homens também têm que ser tudo isso, só que sem reclamar. Tudo bem, sem depilação e maquilagem também, mas o trabalho continua complicado. E além disso, as mulheres lutaram por isso. Os homens foram dragados pra essa condição.

Um sintoma claro pra mim do problema maior dos homens é o pouco que se discute publicamente os probleminhas cotidianos dos homens. Você acha uma Bridget Jones ou uma Carrie Bradshaw choramingando por quilos a mais, homens a menos, paus pequenos, arrogâncias grandes, chefes babacas, roupas tão bonitas quanto inacessíveis, homens tão bonitos quanto inacessíveis, homens tão acessíveis quanto sem-graça e uma infinidade de seríssimos problemas que afligem a mulher cheia de escolhas que nos pariu e amamentou, com quem nós ficamos, namoramos, cuja comida delícia nós comemos no almoço de domingo ou quando voltamos pra casa, cujos peitos elogiamos... enfim.

Mas cadê as paranóias masculinas? OK, vc tem um Nick Hornby ou um Sideways pra levantar timidamente a mão da fatia XY da humanindade e dizer “hey, a gente também tem medo de envelhecer, de ficar pro tio, de não ser bom o bastante ou magro demais”. Mas tá longe de ser a mesma coisa. E eu não acho que seja por falta de talento em produzir algo que preste, muito menos por falta de preocupação dos homens com as próprias angústias. Eu acho que é porque os homens não aprenderam a choramingar. OK, a gente aprendeu sim. Mas pega mal.

E se pega mal, acaba faltando aquela coragem pra dizer que a gente também alucina com as bobagens do nosso cotidiano. A gente não é tão forte assim, mas quem disse que os homens podem assumir isso in a non-gay way? Mulheres podem ser inseguras, os homens podem aceitar isso. Homens não, se você é inseguro, é “frouxo”, “sem atitude”.

Tem mais coisa, mas eu cansei. To com sono. Boa noite.

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