segunda-feira, dezembro 13, 2004

Como andar devagar e apreciar a paisagem?

Chegar em casa e ver os meninos dormindo foi uma sensação desconfortável pra mim hoje. Talvez seja o otimismo dos meus homemates que eu esperasse para me pacificar antes de dormir e tirar minha inclinação a escrever um post e depois trabalhar na monografia até a exaustão. No entanto, todos estavam dormindo.

Tentei, mesmo antes de chegar aqui, entender porque eu estou ainda angustiado. O porquê de, no fim das contas, os meus dias seguintes ainda andarem me assustando. Talvez seja porque, pela primeira vez em muito tempo, eu estou vivendo sem uma grande meta. Sempre fui disciplinado por algum macro-objetivo de vida, algo que me levasse a ir além do que eu enxergava e fazer coisas às vezes irreais pra quem me cercava, porque eu sabia que haveria uma grande vitória à frente. Hoje eu não sei mais aonde chegar.

Me lembro de ter definido as linhas gerais do que eu queria pra minha vida quando tinha 14. Aquelas linhas, pelo menos em termos factuais foram todas seguidas e, bem ou mal, meus objetivos foram alcançados. Tenho no momento a vida que eu planejei ter, que eu esperava ter, considerando que eu não acreditava que seria capaz de coisas extraordinárias, apenas de um cotidiano com tudo para ser tranqüilo e equilibrado, sem excepcionalidades, mas também sem nenhuma escassez crônica, para o corpo ou para a alma.

O problema é q meus planos não chegavam aos 22 anos. Estive tão concentrado em executar meus planos que eu não percebi que eu obtive (ainda que não com os refinamentos que eu gostaria) tudo o que eu quis pra mim e que eu não pensei no que fazer com isso. Eu sei que minha vida não é nada demais, mas se eu olhasse para ela com quando eu tinha 15 anos eu diria que era aquilo que eu queria pra mim.

E a partir de agora, o que eu quero? Eu quero ter paz e continuar sustentando a vida potencialmente tranqüila q eu tenho. Mas eu ainda não sei como fazer isso. Talvez por isso esteja tudo tão complicado. Estou vivendo um dia de cada vez, o que não é algo ruim em si, mas eu não treinei pra isso.

Ou seja, de fato, meu problema é saber lidar com a falta de informação. Viver sem um plano, sem algo a antecipar é muito foda pra mim. Não sei nem se eu faço planos ou se eu aprendo a viver sem eles. Ou pelo menos com planos de curto prazo. Porque agora eu sei que eu tenho todas as condições necessárias para ser feliz. Preciso só manter o que eu tenho e avançar aos poucos, não preciso mais dos grandes saltos que eu dei a vida toda.

Talvez seja estranho não querer ir muito além do que eu já tenho. Mas é que ser feliz não me parece mais algo tão difícil. Então, como eu consigo ter dificuldades em ser feliz? É muito estranho isso, eu não sei ser feliz. Eu ainda preciso internalizar o fato de que eu não preciso mais de grandes resultados. Preciso entender que a minha vida está ótima e que o plantio já acabou, pelo menos nessa primeira safra. Ta na hora de colher, Hugo. E depois descansar.

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