I'm dying. (2/2)

Thought there was love in everything and everyone
You're so naive.
Belle and Sebastian - Get me away from here, I'm dying

Disclaimer 1: Não importa o tanto que eu escreva, eu nunca vou conseguir me explicar completamente.

Disclaimer 2: Eu tb falo mal dos outros pelas costas. Td mundo faz isso, óbvio. A diferença é q eu acho isso ruim, e eu me sinto mal quando eu faço e tento não fazer de novo da vez seguinte. Se eu achasse bom, eu não ia nem ligar e ia repetir, estimular, etc.

Por mais que eu faça isso tb, eu acho que falar mal dos outros pelas costas é uma das poucas coisas que não tem seu lado bom. Todas as qualidades possíveis, como satisfazer o ego bizarro de quem faz isso com prazer, são unicamente fruto de uma egoísmo destrutivo, então eu acho que não é qualidade at all.

As razões de eu não gostar são diversas. Começando pela mais individualista: eu não gostaria que fizessem o mesmo comigo. Claro, ninguém gosta de ser criticado sem ter como debater o assunto. Também é ruim não saber quais são seus defeitos que os outros identificam. E como eu infelizmente não sou magnânimo a ponto de conseguir não me importar com a opinião alheia. Os efeitos disso pra minha vida são vários. O mais sério é a minha atual dificuldade em lidar com grupos pequenos. Numa mesa de bar, eu fico quieto, achando que cada gesto ou palavra fora do lugar vai ser munição pras pessoas falarem mal de mim depois. Já vi isso acontecer mt com algumas pessoas.

Outra razão, é a enorme perda de tempo e talento. Meu círculo de amizades se restringe praticamente ao povo de REL. Isso já indica que são pessoas (com exceções, claro) cultas, viajadas, inteligentes e cheias de assunto e idéias. Isso é o que eu procurei na faculdade, a razão pela qual eu me desesperava de vontade de sair de Resende: conhecer pessoas da minha idade que fossem capazes de conversar sobre alguma coisa que não fossem as vidinhas de seus amigos e peguetes. Por um momento, enquanto éramos todos calouros e estavamos ansiosos por ter em quem nos agarrarmos numa cidade estranha, todos falavam de tudo. Nessa hora, quando eu vi que todo meu esforço e abnegação do terceiro ano tinham valido a pena, eu vi que as pessoas realmente iam poder me ensinar as coisas que eu queria aprender. Então, por motivos que eu especulo abaixo, as conversas interessantes morreram. As pessoas começaram a preferir ficar horas falando do cachecol brega de uma, da viadagem do outro, do pedantismo da outra, etc. Pessoas que já leram coisas interessantes, viajaram o mundo, têm experiências de vida riquíssimas passaram a preferir falar da mediocridade alheia, por minutos, as vezes horas a fio. Jogando o proprio talento e conhecimento no lixo, Se nivelando por baixo e desrespeitando a própria inteligência. Isso me irritava muito no pessoal do meu semestre. Por isso, e só por isso, eu resolvi me afastar do povo. Claro q eu perdi mt, pq quando as pessoas estao fazendo outras coisas que não falar mal dos outros elas são ótimas. Mas por um tempo isso era tao raro que eu achei melhor sair de perto. Pode ser q isso tenha mudado, mas não sei.

Por que esse gosto em descascar os outros? Na minha opinião, medo. Antes de eu entrar na faculdade, já haviam me alertado da competitividade extremada das pessoas de REL. Depois que eu entrei, eu comprovei que a coisa chegava a níveis de doença mesmo. Ninguém mais era so fucking special como no segundo grau e não conseguia lidar com isso. Eu, claro, tinha a doença também em grau agudo. Então, o que eu acho mesmo é que, dentro de um grupo em que um tenta ser incessantemente melhor que o outro, falar suas próprias coisas pode ser uma porta escancarada para que todos vejam que vc nem é tão bom assim. Dizer o que fez ou deixou de fazer ou o que pensa diante pessoas prontas a destilar críticas por tudo e por nada é arriscado demais. Por isso, o que é mais confortável do que falar mal de alguém que não está lá pra discutir? Não é extremamente simples socializar numa roda em que ninguém se mostra, ninguém se expõe ao erro e todos concordam com cada frase falada pelo outro? Falar mal dos outros pelas costas pra mim é um sinal de fragilidade e talvez de covardia, de medo de expor fraquezas que a maioria não assume nem pra si próprio. Ou pelo menos é sinal de esperteza, daquelas espertezas que te levam longe com base senão em mentiras, pelo menos na falta com a verdade.

Eu estou me referindo aqui a falar mal dos outros por esporte. Porque, se vc quer o mal de uma pessoa e fala mal dela, eu acho até compreensível, pq é uma forma de prejudicá-la. É o tipo de coisa que eu entendo, apesar de não concordar. O problema pra mim é que pra quase todo o meu círculo próximo, inclusive meus amigos e mais que amigos mais queridos, falar mal dos outros é um hábito, não uma ferramenta. Mais pra uns q pra outros, claro. Em suma, o problema é falar mal de gente que com quem vc nem tem problemas, só pq acha divertido e porque é uma diversão fácil e indolor.

Acho que falar mal gera problemas práticos também. Custei a me aproximar de um dos meus melhores amigos de hoje pq de tanto que falavam mal dele eu não conseguia ver o tanto que ele era gente boa, além de ter uma certa vergonha de estar proximo dele e ter q ouvir o povo me sacaneando depois, como acontece até hj, aliás (não por ele, que sabiamente se afastou do povo de REL, mas por outras pessoas). Por isso eu acho que falar mal dos outros pode afastar pessoas que de outra forma seriam mais próximas.

Acabei de descobrir que me chamaram (indiretamente, mas pelo menos não pelas minhas costas, olha que avanço) de “moralista” pq eu penso assim. Relendo o que eu escrevi, eu vejo que é moralista mesmo, bem encaixado dentro da idéia cristã do amor ao próximo. No post abaixo eu digo q eu me acho um produto claro de uma parte específica da moral cristã. Apesar de a nossa cultura moderninha fazer do adjetivo “moralista” sinônimo de preconceituoso, retrógrado e afins. Por isso eu não acho que seja moralista. Mas eu tenho opiniões moralistas sobre isso, se é pra rotular assim.

Eu acho, de verdade, que tem gente que merece ser criticada. Mas eu acho que críticas tem que ser feitas diretamente a pessoa. Mas eu também, assim como vocês que estão ai catando as pedras pra jogar em mim, tenho medo de criticar na cara. Entao, fica mais uma questão sem solução.

Eu o Rafa temos uma discordância pacífica a respeito de brigar pelo que se acha certo. O Rafa acha que a gente tem que lutar por tudo aquilo que o nosso senso de justiça manda. Eu já acho que tem lutas que não precisam ser vencidas. Eu achava que essa era uma que valia a pena, que eu devia tentar convencer as pessoas a parar de fazer as críticas covardes. Mas depois de topar com umas cabeças muito duras por aí, eu resolvi desistir. Minha calma e paz interior e ausência de stress valem mt mais. Essa é a última vez que eu toco no assunto. Morreu mesmo. Desisto. Vencido. Vou tentar ser mais compreensivo daqui pra frente, Se vcs estiverem falando mal dos outros perto de mim, eu juro que eu espero uns 5 minutos antes de sair de perto. Quem sabe vcs não me surpreendem param antes desse tempo? Enfim, não vou xaropar ninguem mais com isso.

P.S.: Pq eu acho q este post vai me causar problemas? Bem, pelo menos eu não vou saber, vão falar o q for pelas costas mesmo...