Revés

Eu estava ganhando a minha guerra contra a baixa estima e paranóias afins há umas semanas. Hoje, ao contrário, eu perdi pra elas de goleada.

Blé, é muito ruim se sentir mal. Tava até esquecendo. O bom é q pelo menos hoje eu sei q passa. Apesar de não sentir isso, eu sei q passa. Mais rápido do que o aperto no peito e o nó na garganta deixam parecer.

Hoje não tem musiquinha. Tá, vai. Mas não vai ter foto nem descrição.

Radiohead - The Bends
Elliot Smith - Last Hour
Jeff Buckley - Grace

blah

O Hugo é um animal. Um animalzinho de teta, mesmo. Daqueles bem preguinhos e imbecis, q adoram uma auto-comiseração bem iluminada. Todos gostam de um genuíno filho da puta. E todos gostam ainda mais de uma tragédia bem dramática, mexicana. Hugo Gonzalez Bigodon. Um amigo brother especialmente massa, importante e mané. Never learns, never learns.
Quando li, e depois assisti Memento, no típico entusiasmo meu, vi em suma que nossa vida é só um punhado de cinco minutos. E, no entusiasmo ainda típico, fui catequizar umas almas para essa nova idéia. Que nem eu tinha entendido direito. A idéia é simples: nossa vida, toda ela, cabe em cinco minutos. Todas as memórias, os comportamentos sociais, sanitários, as reações, toda essa gororoba mental se resume a cinco minutos. A parte que eu ainda não havia entendido (e acho que o hugo também não), é que esses cinco minutos, e cada um de seus segundos e milésimos de segundos, são capazes de criar uma vida inteira de cinco minutos completamente diferentes entre si, ou absurdamente rotineiros. Novos cinco minutos surgiram, depois que a água bateu na bunda e o tapa bateu na cara. Agora nossos cinco minutos são frígidos e quentes, etéreos e responsáveis, secos e molhados.
O novo entusiasmo é com o equilíbrio. Minha libra, o nash, buda, o zahir entre o olhar e o reencontrar, de repente essa ficha caiu. Mas ainda não catequizei ninguém com essa idéia. Eu mesmo sou viciado demais no catolicismo, em um ralo jogo de cinco minutos, e faltam ainda duas ou três cores para eu poder comprar o equilíbrio. Alguns princípios para o próximo capítulo.
Certo, não torra. Mas não torra mesmo, que eu paguei muito caro pelos meus picuás.

"Oh Pablo, seu processo aqui foi deferido"

Boa notícia pela manhã.
Meu processo para a diplomação também em Ciência Política foi aceito pela UnB e agora está com o Reitor para assinatura. Legal.

Agora tenho dois papéis em casa, falta descobrir o que fazer com eles.

Modern Life

At night, when all the world's asleep,
the questions run so deep
for such a simple man.
Supertramp – Logical Song

Eu já reclamei aqui que eu não sabia o que fazer agora com o fim da faculdade porque meus planos de adolescência não previa minha vida pós faculdade. Agora eu percebo que além não ter planos, a forma com que eu vejo as coisas anda mudando de uma forma um tanto desconfortável.

Por exemplo, eu sempre achei que era invariavelmente melhor ser legal com as pessoas e defina ser legal como agir da forma mais próxima possível aos desejos do outro. Achava que como eu não era um cara naturalmente malicioso, eu tinha q manter minha “vantagem comparativa” e ser o mais bonzinho possível. Eu achava que se você for gente fina, simpático, atencioso e bem intencionado você receberá a simpatia oferecida de volta, além de amizades de longo prazo e uma confiança invariável. E vivi minha vida accordingly.

É, agora eu acho que tudo pode ser e na verdade é muito mais complexo.

Não estou com ânimo de explicar esse raciocínio todo agora. Outra hora eu faço isso. Em suma, e em uma linguagem em tosca, é tão estranho e absurdo pra mim o fato de pessoas escrotas e filhas da puta serem tão admiradas. Me deixa muito muito indignado o tanto que ser falso e duas caras é uma coisa bem recompensada. Não tem o que fazer, porque quando vc é eficiente em parecer legal e falar mal dos outros pelas costas e fazer tipo vc não fica mal com ninguém e ainda é tirado de pessoa gente fina.

Isso em geral. Tem detalhes ainda, especialmente na parte de amorosa/sexual. Eu acho que tudo é muito difícil.

É muito difícil lidar com as pessoas. Você simplesmente vive a sua vida e ainda assim vc está causando problemas. Você está incomodando. Você não está sendo vc mesmo. Você não está se esforçando para mudar. Você é muito malicioso. Você é muito ingênuo.

Ai. Pqp. Vou virar um ermitão.

Vou falar das musiquinhas. Acho que vou viver assim: acordo, trabalho, vou pra casa, ouço música e durmo. Deve ser mais legal q esse monte de gente maluca por aí. Ficar ouvindo música sem interagir com pessoas faz com que o único doido com q eu tenho q lidar sou eu Ta bom já né.

1 – Modest Mouse – 3rd Planet



Everything that keeps me together is falling apart…

Ao invés de postar, eu podia ter escrito só esse primeiro verso dessa música fora de série do fora de série disco de 2000 do Modest Mouse. Teria feito mais sentido e teria explicado melhor lo que pasa comigo. Enfim, essa é a primeira música do The Moon and Antarctica, que é de fato muito bom, um som diferente de tudo, bom pra quem curte inovação.

2 – Athlete – El Salvador



Nesse disco (só nesse, no Tourist, o último, não), o Athlete é tipo um Coldplay alegre. El Salvador tb é a primeira música desse disco com a capa massa aí (Vehicles and Animals). Então. Coldplay razoavelmente alegre. Ta bom né?

3 – Camera Obscura – Keep it Clean



To pouco criativo hj. Então vou fazer outra analogia pra dizer o que eu acho do Camera Obscura. É tipo um Belle and Sebastian, mas com uma vocalista que consegue ser melancólica e sexy ao mesmo tempo.

4 – Kings of Convenience – Know How



O difícil é escolher qual é a música mais bonita deles. Escolhi Know How mais por causa do meu humor de agora, o q pode contar contra a música, tadinha. Enfim, os caras tiveram a manha de fazer um disco com todas as músicas mt parecidas, mt calmas, ser mt bom e nada monótono.

5 – Snow Patrol – Spitting Games



Pra terminar com uma musica mais animadinha mas sem sair do tom fofo das anteriores (I'm far too shy to speak to you at school/You leave me numb and I'm not sure why (...)I struggle for the words and then give up) eu fico com a música q eu mais gosto do Final Straw, disco mt bom, com a capa que eu pelo menos achei mt boa e mt intrigante.

Coisas da vida

Fiz a barba. Voltei para minha cidade. Bati recordes de velocidade na estrada. Traumatizei os caroneiros que vieram comigo. Consegui, na picaretagem, me livrar de mais uma matéria. Revi minha namorada. Minha mãe. Minha avó. Revi Forrest Gump e, mesmo tendo decorado as falas, ainda me delicio ouvindo algumas delas.

E por mais problemas que tenhamos, a hora é de mandar tudo à merda e viver, simplesmente. Problemas só se tornam impecilhos quando ficam mais importantes do que eram pra ser.

E o que seriam os azares e revezes senão meras coisas da vida? Uma cereja a mais, e nada mais. Não gosto de cereja, mesmo. Então que elas decorem, solenemente, o bolo que se agiganta.

A filosofia Falconiana, obviamente, vem em meu socorro.

"Pra mim uma coisa é um padre, um menino e um jegue. E outra coisa é um pneu de caminhão".

Não há nada mais a dizer, depois de uma colocação tão profunda (com todos os requintes de duplo sentido)

Conversa

Pablo: Miguel, estou me sentindo um imprestável hoje. Tem alguma palavra de consolo?

Miguel: Tenho.

Pablo: ?

Miguel: Bem vindo ao clube.

Countdown

Confesso que estou ausente. Barbudo. Magro. Estressado.

Preocupações várias tomam conta da minha cabeça, outrora tão belamente povoada por trocadilhos e letras de músicas de gosto duvidoso.

Nada me resta se não me apegar às pessoas de quem gosto, sem contudo vê-las com a frequência que gostaria. Deixei o trabalho. Deixei meus amigos, minha cidade.

Abri mão de muitas coisas para chegar a um ponto onde poderia olhar para trás e dizer que valeu a pena. O fim da linha se aproxima. E, por mais que eu tente abreviar esses momentos de tensão, ainda não chegou a hora de olhar pra trás.

Que bom. Porque ainda não sei se valeu a pena.