segunda-feira, setembro 26, 2005

Orgástico

Poucas comidas podem ser tão saborosas quanto coxinhas. A casca deve estar crocante, se sequinha melhor. Nada de borrachuda. A massa deve ser macia, mas não pode colar nos dentes. Nada tão irritante quanto aquele pequeno pedaço agarrado no fundo da boca. O miolo é uma das partes mais importantes. Não deve ser muito grande para tomar o espaço da massa, que é importante. Mas pode ser temperado com cebolinhas finamente cortadas, que ressaltam o sabor. Algumas ainda chegam a acrescentar catupiry, coisa que, confesso, não me atrai nem um pouco. Acho que assim se perde o foco da coxinha em si. Além do mais, esse estratagema costuma provocar acidentes de percurso como sujar a roupa com uma enorme marca de gordura.

Os melhores lugares que servem essas iguarias costumam ser as rodoviárias. É necessário muita pesquisa de campo para encontrar os estabelecimentos que alcançam a primazia nessa arte. Não é um simples ato de vontade produzir uma boa coxinha. São fatores importantes as condições de temperatura e pressão e o nível de sujeira da fritura (observe-se que trata do nível de sujeira e não do de pureza). Assim, apenas sob condições muito específicas é que se consegue alcançar o melhor resultado possível.

Apreciar uma boa coxinha é um ato que exige uma determinada sofisticação de paladar e a superação da imagem que o estabelecimento impõe sobre o consumidor. Não são todos que têm a percepção gustativa e olfativa suficiente para fazer uma análise precisa da qualidade da coxinha. Treinamento em todos os casos é fundamental. Chega a ser surpreendente que não existam cursos de pós-graduação neste campo no Brasil, algo que costumo explicar a partir do subdesenvolvimento dessas terras daqui. Tampouco os santuários de degustação se dão aos fracos de espírito. Trata-se propriamente de um desafio superar os medos e as angústias que podem provocar a arquitetura desses lugares. Mas quem disse que o caminho para o céu é livre de dificuldades?

Creio da maior importância alertar aos conviveres sobre os prazeres orgásticos que podem ser extraídos do consumo de tal especiaria. Não me perdoaria se passasse por essa vida sem permitir a todos os seres humanos ascender a esse patamar superior da existência.

segunda-feira, setembro 19, 2005

semana:começo:de novo


Agora, eu queria saber tocar guitarra. Não, agora eu queria na verdade ser rico, por que aí eu poderia aprender guitarra em uma guitarra muito muito boa e com um professor bom também. Mas pensando assim eu queria ter nascido talentoso, ou pelo menos paciente.

Acho que eu queria mesmo querer alguma coisa, querer muito mesmo, mas mais do que eu já quis qualquer coisa antes. Talvez essa apatia seja falta de querer mesmo muito muito. Talvez essa preguiça seja não saber pra quê se mexer. Ou até saber pra que mas... pra quê?

O que? É. Talvez seja só e de novo que tudo parece maior e mais forte.

Those evil-natured robots
they're programmed to destroy us
she's gotta be strong to fight them
so she's taking lots of vitamins


A mania de marcar coisas que deviam há muito ter sido começadas para começar nas segundas está aí ainda. Hoje é segunda, mas como eu não dormi ainda, ainda é domingo. Então, vamos acordar e derrotar os robôs cor de rosa.

domingo, setembro 18, 2005

Eu preciso...

...definitivamente ouvir mais musica brasileira q não seja só los hermanos. mas eu vou atrás eu mesmo, portanto não aceito sugestões.

sexta-feira, setembro 16, 2005

home alone

Que desespero é ficar sem um computador em casa. Engraçado que quando tinha um por perto, eu ficava semanas a fio olhando o antonte e ignorando solenemente o tal do oráculo branco. Agora é como se estivesse meio sozinho. Home alone. A coisa boa disso tudo é que descobri o melhor desenho animado desde as meninas super poderosas: Megas XLR!!!! É absurdamente sensacional. A dublagem do Cara (é, o personagem principal chama Cara) é muito boa. A filosofia breach, bang n'clear é fevers! Desenho japa com estupidez americana e dublagem da Van-Marter (ou alguma coisa do tipo): a melhor gororoba possível. O fuedas é ter q assistir aquele triozinho bizonho do bom dia e cia. Sim sim, são um trio, agora, ainda mais bizonhos q a jessica e o kaue... Agora, ô pá, deixa eu voltar às minhas pesquisas por aqui. Tou xerecando uma monografia para temas de relações internacionais do brasil ararás e tb algumas oportunidades de emprego. Trabalho vai bem, neh? Aliás, falando nisso, eu quero que o maldito brasileiro que inventou de escutar o keynes morra duas vezes, com banho de pixe quente e demais requintes de crueldade. O welfare state brazuca é de uma impressionante irracionalidade. Às favas tb o sindicato dos comerciários e a mirabolante caixa economica federal de meu amigo baiano. Alô, Baiano, me explica aí como é que vcs conseguiram duplicar meu PIS, ô pá!!! No próximo emprego, quero 20% mais de salário e porra nenhuma de benefício social. Nada de férias, nada de 13%, nada de FGTS. Eu quero mais é dinheiro no bolso, administrar eu mesmo meu dindim e pastelar em casa assistindo algum tosco filme basiquinho da sessão da tarde.Alô Baiano, traz aí um acarajé aí!

O Illimani já postou esse site, mas


O Illimani já postou esse site, mas vai de novo.

Postsecret

sexta-feira, setembro 02, 2005

Procura-se

Procuro alma compadecida para tomar conta de minha alma para o final de semana. Ela é comportada, meio mal humorada às vezes. Não chora, alimenta-se nas horas certas. Paga-se bem.

O corpo eu vou levar para Ouro Preto.

quinta-feira, setembro 01, 2005

Seis reais

O Goiás havia acabado de empatar com o Corinthians. Santos e Fluminense batiam pênaltis na Vila Belmiro. Mas isso pouco importava. E lá fui eu, namorado exemplar, deixar a Ludmilla em casa. Eram os últimos minutos do mês de agosto. Mês de cachorro louco, dizem.

Pois bem estava a moça entregue, dobrei a rua à esquerda. Mais uma à esquerda, atravessei uma rotatória, cruzei a Avenida República do Líbano nos dois sentidos. O bar que tradicionalmente transmite os jogos do Goiás já estava fechado, virei à esquerda, à direita, à equerda de novo, direita, esquerda, segui reto e adiante.

Um casal de bêbados - talvez sob efeito de álcool, ou movido pelos efeitos da paixão, cantava alto. Nem tive tempo de contemplar o concerto: percebi que uma moto me seguia. Via das dúvidas, pé no acelerador. Não adiantou. Virei na Avenida Anhanguera, entrei numa rua que não conhecia. E outra, outra, e mais uma.

Me livrei do potencial psicopata ao entrar em uma contramão. Soltei um suspiro de alívio. Breve como minha felicidade momentânea: uma viatura da Polícia Militar me aguardava pacientemente. Parei, desci do carro e logo veio à tona a boa educação de nossos policiais. Ensaiaram gritos, queriam me revistar, perguntaram se não estava armado.

Pensei na hora em dizer "Sim, há duas granadas isralenses no porta-malas. Guardei para enfiar na bunda de guardinha mal educado", mas em vez disso me contentei com uma ameaça velada. "Sei dos meus direitos. Sou jornalista e falo com o chefe de vocês todos os dias. Então façam o seu trabalho direito ou terei que fazer o meu".

Cessaram os abusos de autoridade. Pediram documentos, conferiram e começaram a ladainha. "Essa multa vai te custar 200 reais e sete pontos na carteira... vai ficar ruim pra você" disse um deles. Mas, ora bolas, eu estava errado. "Faça a multa, então. Semana que vem eu recebo e pago, sem problemas".

O guarda, esterotipado como se acabasse de sair de "Casseta e Planeta", insistiu. Queria propina, logo notei. "Cara, eu não tenho dinheiro aqui, e mesmo que o Banco estivesse aberto, não é correto fazer isso", expliquei para ele. Talvez a acadêmia de polícia não explique essas coisas. Mas nunca é tarde para aprender.

Ele insistiu que a multa daria muito trabalho. Eu insisti que não havia problemas. "Olha, eu não quero te dar essa multa", ele disse. Concordei: "Eu também não quero receber. Então você me libera e todo mundo fica feliz", propus. Mas o insistente voltou a retrucar. "Quando você tem aí?"

"Seis reais. Uma nota de R$ 2, quatro de R$ 1".

"Seis reais são três cervejas. Boa noite, até mais".

E ainda gastam 30 mil em deputados. Dá pra comprar 5 mil guardas, muito melhor: não pensam, seguem ordens e não votam contra.

Mas se vendem por muito pouco. Alguém aí tem sete reais?

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