segunda-feira, fevereiro 28, 2005

pick a part that's new

sabe aquele canivete suiço cláaaaaaassico, o vermelhinho com a cruz branca igual a bandeira? Então, agora ele tem 128 MB de memória. é só puxar que aparece o plug usb. fica entre a faca e o alicate.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Itália

Deculpem-me os poucos amigos que às vezes lêem esse blog. Dessa vez o que vou escrever não é legal, não é uma boa idéia, não é nada espirituoso. Conto com a compreensão de que este espaço não foi reservado para ser agradável. É apenas o canto da sala, para onde a gente vai quando quer ficar sozinho na multidão. Tem o propósito de ser um caderno de anotações, de escrever sobre as coisas que invadem o meu dia. O que me traz aqui dessa vez não é nenhum pensamento. É medo.

Tenho medo de não cumprir uma promessa que fiz ao meu avô: leva-lo para conhecer a Itália. Já tinha até riscado o dedo sobre o mapa imaginando qual seriam nossos caminhos. Iríamos passar pelo norte, de onde os nossos saíram faz muito, encontrar pegadas por lá seria nosso objetivo principal. Procuraríamos registros em alguma igreja velha entre livros empoeirados e um padre gordo meio surdo. Andaríamos ao entardecer pelo porto.

Ele se sentiria incomodado de entrar em um ambiente mais sofisticado e, por isso, acabaríamos na primeira budega que víssemos pela frente. Tomaríamos um vinho acompanhado de sopa e um pão duro qualquer. Eu demonstraria os meus conhecimentos recentemente adquiridos sobre a história, a arte e a política italiana, ele fingiria interesse. Tomaríamos um café e ele reclamaria, o feito em casa é melhor. Falaria da fruta que plantou no sítio, lá em cima do pasto, logo do lado do não-sei-o-que... Ele certamente veria algum pedaço de arame no chão, ou qualquer outro bagulho, e logo recolheria já pensando no que fazer com aquilo.

Depois nos perguntaríamos, em silêncio, se nos sentíamos em casa. Provavelmente a resposta seria não, preferiríamos o calor abrasivo. Ele não deixaria de não ouvir a verdadeira história sobre a nossa ascendência e contaria para as pessoas da rua a nossa origem imperial. Eu respeitaria, porque cada um tem o direito de escolher suas próprias ilusões.

Depois iríamos a Roma. Ele iria chorar, católico que é, ao ver o papa. Ficaria atento para ouvir o papa falar em português, mas não entenderia nem sequer uma palavra. Nessa altura ele novamente contaria as histórias da viagem, da chegada ao Brasil, de suas travessuras de infância, dos momentos difíceis e não deixaria de me lembrar do que é necessário para ser Cesário. O Vaticano tomaria para ele os ares do paraíso. Para mim ficariam a escultura, a pintura e a arquitetura...

Para mim ficaria a sensação de poder ter cumprido um sonho seu. Nós compraríamos um mapa da Itália mais bonito, que substituiria aquele outro que fica na garagem, ao lado da escada. Eu voltaria tranquilo, ele realizado.

Mas nada. Ainda não tenho grana para nem sequer me manter em pé sozinho e não sei se terei outra chance.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Eu sou um tosco.

É impressionante como depois de mais de 10 anos depois de ter decidido que eu deveria ser um cara capaz de mostrar sentimentos, eu continuo sendo o mesmo troglodita de sempre. Não quero acreditar que seja minha natureza, isso me imporia uma limitação forte demais. Não gosto de assumir que a realidade anda tão desgovernada. Vou antes decidir que eu não me empenhei o suficiente.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

O mundo é dark...

Meu deus, acabei de finalmente ver a tal animação da avaiana de pau. O q é aquilo? As pessoas realmente acham aquela coisa imbecil engraçada? Sou eu que perdi completamente o senso de humor ou o mundo está ficando débil mental aos poucos?

Ahhhn? Débil mental é você que é rolou de rir vendo o Mamute? Ahhh, mas o Mamute é uma obra de arte do paintbrush, humor inteligente, q isso... Além do que eu tenho certeza que quem fala mal do Mamute viu só a tradução tosca pro português e não o original em espanhol.

(Antes que comentem besteira, há alguma ironia neste post. Mas minha opinião sobre a havaiana de pau é aquela mesmo.)

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Take a tip from me...

Belle and Sebastian é tão bom, mas TÃO bom! Mas muito bom mesmo. Eu tenho até camiseta. Muito teenager ter camiseta de banda.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

A certain shade of green...

A partir deste fim de semana estarei de casa nova. Desta vez uma experiência nova, morar com meninas. Acho que vai se bem bastante enriquecedor. Olha só, vou comer mais em casa, melhorar minhas capacidades culinárias graças à Mel, vou ter que ser mais silencioso e me comportar de formas menos instintivas e excêntricas (no more dormir na sala), vou ter fashion advice contínuo, TV a cabo (uia, vou poder ver a Dona Nilda) e principalmente vou ter uma inserção ainda mais próxima no mundo feminino afinal Mel e Paula são um tanto diferentes entre si, praticamente tipos ideais Weberianos em certo sentido.

(Hm, um aparte, essa coisa de só ter vontade de escrever quando estou triste e não querer mais escrever só posts tristes é complicada. Minha vontade agora é fazer aquela choradeira de sempre. Mas vcs não são obrigados).

Tudo bem que a nova casa não é tão desconhecida assim, já foi meu lar na prática por mais de um ano (pros leitores não próximos, estou indo morar na republica da minha ex namorada que está de partida para a França). Isso poderia me tirar a impressão de mudança, mas agora o momento é significativo demais para que eu não ache que as coisa serão diferentes.

Ano novo, fim de faculdade e uma vontade alucinada de jogar pra longe muita coisa nociva que tem na minha cabeça. Espero que a casa nova seja o sinal verde pra que essas coisas travantes sejam pelo menos diminuídas. Sinal verde nem que seja pra bater o carro. Tá, eu prometo isso desde o começo deste blog. Mas eu vou continuar prometendo. Ate conseguir.

Vou escrever mais uns posts. Aproveitar que eu estou achando interessante escrever nesse palm do Bilo.

P.s.: Estou me contendo para não falar como eu estou me sentindo de postar logo depois do Bilo. Eu não não não não não não não serei autoindulgente nesse blog. Não por agora.

yo, sancho y los molinos

Estamos múltiplos postadores, neste mosteiro. Enquanto esse vento escreve confortavelmente no pc de sempre, o hugão se diverte, ao meu lado, tentando um novo meio tecnológico de vos falar. Enfim.
Ontem, ou antes de ontem, assisti sozinho às desventuras em série. [Quero ler os livros, que a história me pareceu muito massa.] E sempre desenho minha identidade nos filmes, com a distinta diferença que eu mesmo costumo plantar minhas desventuras. Tá, isso pode parecer um tanto hugônico, ou um tanto presunçoso, então vamos dizer que, no mínimo, eu cultivo com carinho as desventuras que me brotam pelos pés afora. Luis Alberto, 22 anos, alto, branco marroquino, profissional formidável do demi-monde das relações internacionais, um amor no coração, um amor ao lado, um futuro de alegrias fulgurantes.
Mas nem sempre nossa inteligência é tão social assim. Sou muito pouco corajoso, muito embora eu esteja absolutamente leonino, depois de algum mago de oz dessa estrada amarela. Já traí, já tive medo, muito medo. E teimosia, também. O amor é um feudo obtuso e árido de um coração sem mãos, sem boca, sem beijos. Ando um acadêmico patético, sem nem de sola o viço do pablo, ou o freakness do hugo, ou o engajamento do illimani. Ando pior enrolador que o thiago. Decidi um caminho literalmente excêntrico. Com coragem, owl iéé!! Abandonei amigos, casas, cidades, círculos. Talvez tenha errado muito, abandonado muito, mesmo aqueles que escrevem meu nome com um fabuloso “z”, e não tenham coragem de assinar suas decepções. Acho que sempre fui mais altivo, mais autista e mais egoísta que o aceitável, que o necessário. Raízes talvez me precisem mais do que eu imaginava. Se devo desculpas, eu peço agora. Mas continuo vesgo, altivo, autista e egoísta, só que agora mais branco, mais barrigudo e com um tanto maravilhoso de coragem. As desventuras continuam. Meus moinhos também.

Lista de Oferta

O dia amanheceu com uma boa notícia: a lista de oferta do mestrado já foi publicada.

Estou me sentindo qual uma criança que está indo para o primeiro dia de aula. Tenho ímpetos de sair para comprar um estojo novo, com vários lápis de colorir, giz de cera, tesoura sem ponta, régua comprida, papel celofane... Já estou me vendo usando um uniforme novo, bem engomado, camisa de abotoar e brasão da escola no bolso da camisa, do lado esquerdo, cores vermelho e azul, cabelo penteado com uma lambida de boi para o lado direito, óculos a postos, tênis preto de amarrar - nunca um quichute, nunca tive um.

Poucas são as coisas na minha vida com que tenho me divertido tanto quanto com esse mestrado. É verdade que muitas vezes não me comovo. Um exemplo foi minha formatura, não tive nenhum momento em que meu coração chegou a acelerar. Não que tenha sido ruim, minha família - pais, irmãs, tios primos, avós tiveram muita dificuldade, muita mesmo, inclusive financeiras, para vir para a festa - se divertiu horrores, todo mundo muito emocionado. O que quero dizer é que o que me deixou realmente feliz foi o fato de ter todos aqui, de estarem felizes, mas não do fato de eu estar me formando.

O mesmo com o vestibular. Esse foi só ruim. A única sensação que tive foi de alívio. O resultado era tão somente o fim de uma ansiedade muito forte que durou dois meses. Todos ficaram muito felizes, afinal eu era o primeiro da família, como mais velho, a entrar em uma Universidade - com letra maiúscula mesmo, mas eu não.

Mas com o mestrado tem sido diferente. Cada uma das etapas tem sido um prazer em si. Estudar para a prova foi bom, releitura de bons textos, horas fazendo o projeto - os que me conhecem sabem que gosto muitíssimo de ficar fazendo projetos de pesquisa, especialmente da parte de metodologia. Depois fazer as provas, sentir a agressividade que senti lá no COLUNI, lá atrás, sentir-me desafiado, lutar contra o obstáculo que se interpõe. Foi excelente. Depois, poucos dias para publicação dos resultados, nada parecido com a via crucis do PAS. Finalmente, resultado positivo, 3o. lugar. Agora, as matérias que vou fazer.

Acho que tudo isso se explica pelo fato de que se trata de mais uma mudança qualitativa. O COLUNI foi a primeira. Do momento em que soube que tinha passado em diante eu sabia que terminar o segundo grau, entrar e sair da universidade seriam passos naturais, não exigiriam nenhum tipo de dedicação sobrenatural. Da mesma forma, a entrada no mestrado é uma mudança qualitativa e não somente uma melhora incremental, porque se trata de um processo de seleção completamente diferente do que havia até hoje enfrentado.

Desde, pelo menos, minha quinta série tenho sonhado com o momento em que entraria na pós graduação. Estaria fazendo o mestrado, engajado em pesquisas, publicando textos. E agora tudo isso aconteceu. Estou no mestrado, já estou trabalhando com o que estudo, estou engajado em dois grupos de pesquisa, começo o primeiro projeto, tenho três artigos na agulha para publicação. Enfim, as coisas estão indo bem.

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

Powered by Blogger